O DESAFIO DE CONTINUAR EDUCANDO EM TEMPO DE CONFINAMENTO SOCIAL

1 de julho de 2020

O início do ano letivo de 2020 foi impactado pelo confinamento
social, medida adotada para conter a propagação do vírus causador da
covid-19. A impossibilidade de abrir escolas e universidades e,
consequentemente de se estar presente em salas de aulas, levou alunos,
pais, professores e todos os outros profissionais da educação a enfrentar o
desafio de continuar ensinando e aprendendo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, define o ensino regular para crianças, jovens e adultos
em instituições públicas e privadas do país, o artigo 21 especifica a
composição dos níveis escolares:
Art. 21 – A educação escolar compõe-se de:
I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio;
II – educação superior
Esses segmentos, se deparam com o desafio de dar continuidade ao
ensino, minimizando os prejuízos para os alunos. Infelizmente, as
instituições não tiveram tempo de refletir sobre as estratégias, recursos
pedagógicos e tecnológicos para continuar com a missão de educar e
formar. Também, pais e estudantes estão diante do desafio de vencer
barreiras, como a falta de acesso à internet de qualidade, acesso ao
computador, falta de espaço adequado para estudo em casa, entre outras
dificuldades. No entanto, se os desafios do tempo presente nos fazem
enfrentar grandes dificuldades, também geram impulso para grandes
conquistas.
Um dos caminhos apontados para continuar com as atividades do
ensino regular é a utilização das tecnologias de comunicação para
implementar os conteúdos das aulas. Nesse sentido, várias discussões estão
surgindo sobre a adoção ou não da Educação a Distância, como
instrumento facilitador de ensino aprendizagem.
A educação a distância (EAD) não é uma coisa nova, remonta aos
tempos da utilização de cartas para se comunicar e transmitir algum
conhecimento. Golvêa e Oliveira (2006) falam de registros que indicam

que as cartas de São Paulo às comunidades cristãs da Ásia Menor, no início
do primeiro século, fazem parte dos primórdios da Educação a Distância.
Otto Peters (2004), um dos pioneiros no estudo da educação a
distância, na década de 60, enfatizou a sua importância ao mudar o termo
comercialmente utilizado na época, “estudo por correspondência”, para o
novo termo “educação a distância”.
Portanto, as modalidades de ensino podem ser assim diferenciadas:
– Ensino presencial – também conhecido como: ensino convencional
ou tradicional. Sua principal característica é a presença do professor
e dos alunos ao mesmo tempo no mesmo espaço físico, como a sala
de aula. A presença física é o maior determinante para que a
aprendizagem aconteça.
– Ensino semipresencial – acontece por meio de atividades a distância
e presenciais. As atividades a distância utilizam uma tecnologia que
dê suporte a comunicação entre professores e alunos, como uma
plataforma de EAD. E as atividades presenciais são realizadas em
polos de atendimento ao aluno.
– Ensino totalmente a distância – geralmente, utilizado para cursos
não formais. Não há atividades presencias e depende totalmente de
alguma tecnologia de comunicação. Exemplos: cursos on-line;
cursos por correspondência; cursos por meios de comunicação de
massa (rádio, tv e internet).
Os cursos oferecidos na modalidade semipresenciais e os totalmente
a distância são tratados, em geral, como cursos na modalidade EAD.
Existem diversos projetos de modelos de cursos na modalidade EAD. Cada
modelo possui características próprias e utilizam recursos tecnológicos que
devem ser adequados a cada tipo de curso e ao público alvo.
A adequação dos recursos oferecidos pela EAD e a flexibilidade de
estudo em função do tempo e espaço, com a realização de atividades
síncronas e assíncronas, permitem a sua utilização neste tempo de
distanciamento social. A ânsia por receber e transmitir conhecimento é da
essência humana e, de fato, as tecnologias de comunicação satisfazem essa
necessidade. Portanto, as tecnologias disponíveis propiciam avanços no ato
de ensinar e educar. Atualmente, se presencia uma explosão de cursos de
ensino formal e informal sendo realizados na modalidade EAD. No
entanto, a utilização da EAD deve permitir:
– Criar experiências que geram o conhecimento;

– Interagir (trocar conhecimentos);
– Desenvolver o pensamento crítico;
– Aprender a estudar;
– Aprender a aprender.
É fato, que a falta de preparação e a escassez de recursos podem,
num primeiro momento, assustar aos que agora iniciam essa experiência.
No entanto, cabe a todos nós, enfrentarmos esses desafios e dar
continuidade ao processo educativo. É o que está acontecendo: professores
do ensino fundamental e médio estão se desdobrando para dar continuidade
aos conteúdos previstos, nas instituições públicas e privadas. O que se
observa é que as adequações às exigências estão sendo alcançadas à medida
que alunos e professores vão se familiarizando com as novas estratégias
tecnológicas de ensino. Todavia, não podemos esperar que tudo volte ao
“normal” para que possamos retornar as nossas salas de aulas e dar
continuidade as práticas tradicionais. Para a educação o tempo não para e,
certamente, daqui para frente nada será como antes.
Referências:
GOUVÊA, Guaracira; OLIVEIRA, Carmen Irene. Educação a distância na
formação de professores: viabilidades, potencialidades e limites. Vieira &
Lent, 2006.
MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg; A DISTÂNCIA, E. uma visão
integrada. Tradução por Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning,
2007.
PETERS, Otto. A educação a distância em transição: tendências e desafios.
Editora Unisinos, 2004

Autora:
Profa. Laci Mary Barbosa Manhães
Professora do CEDERJ/UENF
Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF)
Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES)
Departamento de Ciências Exatas, Biológicas e da Terra
Campus Universitário de Santo Antônio de Pádua

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